Capítulo 2 de 11 | Espaço de Acolhimento
Um Refúgio Para Ser Genuinamente Humano
Tu cruzaste a porta como quem não sabe se está fugindo ou buscando. Ainda assim, talvez, pela primeira vez, possas encontrar algo que parecia distante, um descanso sem culpa.
Cada passo que deste até aqui foi marcado por uma mistura de exaustão e, ao mesmo tempo, esperança.
Esperança de que, talvez, aqui dentro, finalmente pudesses parar – nem que fosse por um instante.
O ambiente é acolhedor.
Não há pressa, não há urgência.
Só o som leve de uma melodia que parece vir de longe, o aroma de pão quentinho e café fresco preenchendo o ar.
É simples, mas cada detalhe parece feito para te receber.
Tudo ao teu redor parece dizer:
“Tu estás aqui agora. Isso é o suficiente.”
O Primeiro Encontro
“Estava te esperando,” diz uma voz tranquila.
O anfitrião aparece.
No entanto, ele não se apresenta com um nome ou um título, mas com um sorriso que parece saber mais sobre ti do que tu mesmo estás disposto a admitir.
“Deixa-me te dizer uma coisa,” ele continua, com um olhar sereno.
“Aqui, não precisas carregar nada. O que trouxeste até agora pode ficar lá fora. E, enquanto estiveres aqui, quero que saibas que tu já és suficiente, exatamente como estás.”
Essas palavras batem em ti como uma onda. Suficiente. Na verdade, tu nem te lembras da última vez em que ouviste isso – ou se já ouviste.
Suficiente.
Tu nem te lembras da última vez em que ouviste isso – ou se já ouviste.
Um aperto no peito te faz hesitar.
Parte de ti quer acreditar, mas outra parte resiste.
Afinal, como poderias ser suficiente se há tanto por fazer, tanto a corrigir, tanto a alcançar?
O Peso que Tu Carregas
Ele te conduz a uma poltrona confortável e coloca diante de ti uma bacia com água morna.
“Vamos cuidar dos teus pés primeiro. Eles caminharam muito, não é?”
Tu olhas para ele, tentando compreender.
Não há pressa em seus gestos, apenas uma presença que te desconcerta.
Mas, afinal, como alguém pode simplesmente… estar?
“Eu não sei como fazer isso,” dizes, quebrando o silêncio.
“Não sei como parar. Sempre há mais esperando por mim. Sempre há mais.”
O anfitrião ouve, sem interromper.
Quando tu terminas, ele pergunta:
Será que todo esse ‘mais’ realmente é teu? Por outro lado, pode ser que, em algum momento, tenhas começado a carregar pesos que nunca te pertenceram. Descobre aqui como essa cobrança se instala.
A pergunta fica no ar, como um eco.
Ela não exige resposta imediata, mas algo em ti começa a se mover.
E se ele estiver certo?
E se parte do que carregas não for teu?
O Convite para um Descanso Sem Culpa
“Não precisas entender tudo agora,” ele diz, oferecendo-te uma xícara de café.
“Mas posso te pedir uma coisa? Respira. Permite-te um descanso sem culpa, mesmo que só por um instante.”
Tu inspiras, hesitante, mas aos poucos começas a perceber que isso pode fazer diferença.
Mas o simples ato de puxar o ar e deixá-lo sair começa a aliviar algo dentro de ti.
A respiração, tão básica, tão negligenciada, porém essencial, abre espaço para algo que tu não sentias há tempos: leveza..
Enquanto respiras, ele continua:
“Sabes, as vozes que dizem que precisas ser mais nunca vão se calar sozinhas. Elas te ensinaram que o descanso é um luxo que precisas merecer. Mas aqui, quero que saibas que o descanso é um direito. Não precisas conquistar. Ele já é teu.”
O Silêncio que Permite um Descanso Sem Culpa
Tu olhas para a bacia com água morna e sentes o calor relaxar teus pés.
A música suave no ambiente parece conversar com algo dentro de ti que ainda não sabes nomear.
Enquanto isso, percebes que o silêncio não é vazio, mas sim pleno.”
Pela primeira vez, tu percebes que o silêncio não é vazio.
É pleno.
“E se, por um instante, tu deixasses o peso na porta? Afinal, e se descobrisses que há espaço para um descanso sem culpa, sem que precises conquistá-lo primeiro?” o anfitrião sugere.
“Não porque ele desapareceu, mas porque, aqui, ele não importa. Aqui, tu não precisas ser mais nem menos. Aqui, tu já és.”
Essas palavras encontram um espaço dentro de ti que há muito estava fechado.
Não tens todas as respostas, mas algo começa a mudar.
Talvez, só talvez, tu possas acreditar – nem que seja por um instante – que ser suficiente não precisa ser uma conquista.
O Começo de Algo Novo
“Descansar não é desistir,” ele diz, ao se levantar. Muito pelo contrário, é o intervalo necessário para te lembrar de quem tu és.
“Pelo contrário, é o intervalo necessário para te lembrar de quem tu és. E, quando estiveres pronto, podemos continuar juntos.”
Reflexão Final
Quando foi a última vez que permitiste a ti mesmo apenas respirar? Descobre o que pode acontecer quando soltas, por um instante, o peso que carregas.
Já sentiste culpa ao tentar descansar? Como lidas com isso no teu dia a dia?
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