Capítulo 06 de 15 | Espaço de Permanência
Tu acordas no refúgio com uma sensação de passagem. Observas o movimento do sol pela janela, o vento balançando as árvores, o ritmo constante e inevitável da vida ao teu redor. Pela primeira vez, percebes algo simples, mas profundo: o tempo está sempre fluindo. Essa constatação traz um misto de urgência e serenidade. Urgência para viver de forma significativa, e serenidade ao perceber que o tempo não é teu inimigo, mas teu aliado.
Ao sair, o Anfitrião te aguarda próximo a uma ampulheta grande, embaixo de uma árvore antiga. Ele observa os grãos de areia escorrendo e, sem te olhar, diz:
“O tempo é como essa ampulheta. Ele nunca para, nunca retrocede. Cada grão que cai é um momento que não volta. Mas também é um convite constante para mudar, aprender e crescer. Hoje, vamos falar sobre o tempo e a transformação – dois lados da mesma moeda.”
O Que é a Temporalidade?
O Anfitrião te entrega a ampulheta e pergunta:
“Se pudesses parar o tempo, o que farias com ele?”
Tu pensas por um momento e respondes: “Acho que faria tudo o que sempre adiei.”
Ele sorri e diz:
“Mas deixa-me te contar algo importante: não precisas parar o tempo para viver plenamente. Precisas apenas reconhecê-lo como teu maior recurso. Temporalidade é essa consciência de que o tempo é limitado. Ele não espera, mas te oferece uma escolha constante: usar cada momento para te aproximares de quem queres ser ou te afastar disso.”
Ele aponta para a árvore atrás de ti e continua:
“Assim como esta árvore começou como uma semente, cada um de nós cresce e muda com o tempo. A diferença é que tu podes escolher como usar teu tempo para florescer. E essa é a verdadeira riqueza da vida humana.”
Tempo e Transformação: Como Eles Andam Juntos
O Anfitrião pega um galho caído e começa a desenhar círculos na terra. Ele explica:
“O tempo é o ciclo da vida, e a transformação é o que te permite avançar nesses ciclos. Pensa no que o tempo faz por ti:
- Ele te dá oportunidade de aprender com o passado e corrigir erros.
- Ele te dá o presente como espaço para agir e criar algo novo.
- Ele te convida a olhar para o futuro, a imaginar, a sonhar e a planejar.
Cada ciclo de tempo é uma chance de renovação. Mesmo as estações nos mostram isso: o inverno prepara a terra, a primavera traz o renascimento, o verão expande e o outono colhe. Assim também é tua jornada. O tempo te transforma, mesmo quando tu não percebes.”
Por Que Resistimos ao Tempo e à Mudança?
O Anfitrião te olha diretamente e pergunta:
“Por que achas que tantos lutam contra o tempo e resistem à transformação, mesmo sabendo que ela é inevitável?”
Tu pensas e respondes: “Talvez porque mudar é desconfortável. Dá medo sair do que é familiar.”
Ele balança a cabeça e diz:
“Exatamente. O desconhecido assusta. E o tempo nos lembra que estamos sempre deixando algo para trás – uma fase, uma crença, uma identidade. Isso pode parecer uma perda, mas deixa-me te contar algo: toda mudança é uma troca. Tu não perdes; tu abres espaço.
Quando tu resistires ao tempo e à transformação, pergunta-te: ‘O que estou segurando que já não me serve? E o que posso ganhar ao soltar isso?’ Essa pergunta pode mudar tudo.”
A Idade Como Aliada, Não Como Limite
O Anfitrião aponta para a árvore antiga e diz:
“Esta árvore não reclama de sua idade. Ela é forte, cheia de histórias, com raízes profundas que sustentam sua grandeza. Assim também és tu.
Mas quantas vezes ouviste alguém dizer: ‘Estou velho demais para isso’? Ou: ‘Essa falta de energia é normal para minha idade’?”
Ele continua:
“A idade não é um obstáculo. É uma evidência de que tu tens um histórico de superação, aprendizado e transformação. Assim como o tempo amadurece as frutas e fortalece as árvores, ele também te molda. Teu corpo pode mudar, mas tua capacidade de aprender, crescer e contribuir permanece – desde que escolhas cultivá-la.”
Como Usar o Tempo Como Teu Maior Aliado?
O Anfitrião vira a ampulheta mais uma vez e sugere:
“Viver com o tempo como teu aliado exige consciência e ação. Aqui estão passos para transformar tua relação com o tempo:
- Aceita que o tempo é finito: Pergunta-te: ‘Se eu tivesse menos tempo do que penso, o que faria hoje de diferente?’ Essa reflexão te ajuda a priorizar o que realmente importa.
- Valoriza o presente: Em vez de lamentar o passado ou te preocupar com o futuro, dedica-te ao agora. Pergunta-te: ‘O que posso fazer hoje que me aproxima do meu propósito?’
- Deixa ir o que não serve mais: Assim como o outono solta as folhas para abrir espaço para o novo, solta crenças, hábitos ou relacionamentos que já não te alinham com tua essência.
- Planeja com intenção: Usa o futuro como inspiração, mas não como uma fuga. Define metas que ressoem contigo e age no presente para alcançá-las.”
O Tempo no Cotidiano: Pequenos Gestos de Transformação
O Anfitrião observa teu semblante e acrescenta:
“Deixa-me te mostrar como o tempo e a transformação podem ser vividos de forma prática:
- Ao acordar, pergunta-te: ‘Qual é a única coisa que eu realmente quero realizar hoje?’ Isso te ajuda a focar no essencial.
- Ao enfrentar desafios, pergunta-te: ‘O que posso aprender com isso que me ajuda a crescer?’
- Ao planejar teu futuro, pergunta-te: ‘Como posso começar agora, com os recursos que já tenho?’
Pequenos gestos, repetidos ao longo do tempo, criam transformações que mudam tua vida.”
Uma Prática Para Honrar o Tempo e a Transformação
O Anfitrião te entrega uma folha em branco e sugere uma prática:
- Escreve três áreas da tua vida que precisas transformar. Pode ser algo no trabalho, nos relacionamentos ou na tua saúde.
- Define um pequeno passo para cada área, algo que possas fazer nos próximos sete dias.
- Ao final da semana, reflete sobre o impacto dessas ações. Como te sentiste ao agir com intenção?
Ele conclui: “O tempo não é teu inimigo. Ele é teu companheiro de jornada. E usá-lo com consciência é a maior forma de respeito à tua própria vida.”
O Tempo Como Convite à Vida Plena
Enquanto caminhas de volta ao teu quarto, as palavras do Anfitrião ecoam em tua mente. Tu percebes que o tempo não é um tirano que rouba tua vida, mas um mestre que te ensina a vivê-la. E que te oferece nova chance a cada novo amanhecer.
Tu percebes que, ao abraçar o tempo e a transformação, tu te tornas mais conectado ao presente, mais grato pelo passado e mais inspirado para o futuro.
Porque ser genuinamente humano é usar o tempo não para temer, mas para florescer. É escolher transformar cada momento em um passo rumo à tua verdade e ao teu propósito.
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