Olhar para dentro é o primeiro passo para sentir-Te Genuinamente Humano
Capítulo 01 de 13 | Espaço de Permanência
Tu acabas de voltar ao refúgio. Talvez tenhas vindo por curiosidade, talvez por necessidade – ou, quem sabe, por aquela inquietação que não consegues explicar. Atravessaste o portão e, agora, estás aqui, diante do Anfitrião. Ele te espera no pátio central, com a tranquilidade de quem sabe que cada passo teu já era esperado. Ele te dá as boas-vindas com um sorriso gentil e te convida a sentar.
“Estás pronto para dar o primeiro passo?” ele pergunta, enquanto se acomoda ao teu lado.
Tu hesitas, talvez, porque não sabes o que esperar. Mas algo na presença dele te dá confiança. Ele te observa por um momento, com paciência, e diz:
“Para que possas te sentir genuinamente humano, precisas começar pelo mais simples e, ao mesmo tempo, mais desafiador: olhar para ti mesmo. Mas deixa-me te mostrar o que isso significa.”
O Preço de Não Te Observares
O Anfitrião estende a mão e aponta para uma fonte no centro do pátio. A água borbulha de forma constante, mas a superfície está cheia de folhas, pedaços de galhos e poeira.
“Essa fonte”, ele diz, “é como tu, quando não te observas. Ela continua fluindo, mas está cheia de coisas que não pertencem a ela. Essas coisas acumulam peso, e, com o tempo, começam a atrapalhar o fluxo natural.”
Ele faz uma pausa, e tu olhas para a fonte. “Quando tu não olhas para dentro de ti, perdes de vista o que realmente importa. Tu começas a carregar o que nem é teu. Deixa-me te explicar como isso acontece:
- Tu te perdes nos papéis que desempenhas: Talvez sejas alguém importante no trabalho, alguém querido na família, mas esqueceste quem és além disso.
- Tu te desconectas das tuas emoções: Sentes irritação ou tristeza, mas ignoras esses sinais porque achas que precisas seguir em frente.
- Tu te enches de tarefas inúteis: Dizes ‘sim’ a tudo e a todos, e tua rotina fica cheia de coisas que não ressoam com quem tu és.
O Anfitrião te encara, com um olhar firme, mas acolhedor. ‘E o que acontece, então? Tu acabas te sentindo vazio, mesmo quando tua vida parece cheia.’”
O Que Tu Encontras Quando Olhas Para Dentro
Ele se levanta e caminha até a fonte. Toca suavemente a água e retira um pedaço de galho que estava preso ali. Tu o observas em silêncio.
“Quando olhas para dentro, é como limpar esta fonte. No início, podes te assustar com o que encontras. Talvez dores antigas, medos que carregas há anos ou até sonhos que esqueceste. Mas, se continuares, vais encontrar coisas maravilhosas:
- Os teus valores, aquilo que te move e dá sentido à tua vida.
- As tuas forças, escondidas sob o peso das obrigações.
- A tua paz, que estava ali o tempo todo, esperando que tu a acessasses.”
Ele retira mais algumas folhas da água e, aos poucos, a superfície da fonte se torna mais clara. “Tu vês? Limpar não é rápido, mas cada gesto te aproxima do que é essencial.”
Te Observares na Correria do Dia a Dia
O Anfitrião se vira para ti novamente e diz: “Eu sei que vais me dizer que a vida lá fora é corrida, que não tens tempo para te observares. Mas deixa-me te ensinar algo: tu não precisas de mais tempo – precisas de menos peso. Aqui está como podes começar, mesmo na correria:
- Pausa no “sim” automático:
Da próxima vez que alguém te pedir algo, não respondas na hora, reflita por 10 segundos. Respira fundo e pergunta a ti mesmo: ‘Isso é importante para mim e para aqueles que amo? O que terei que deixar que me importa por isso? Ou estou dizendo sim por hábito?’ Só essa pausa pode mudar tua rotina. - Presta atenção às tuas emoções:
Sempre que algo te incomodar, em vez de ignorar, pergunta: ‘O que isso está me dizendo? Esse peso é realmente meu ou estou carregando algo dos outros?’ - Libera o desnecessário:
Faz uma revisão das tuas atividades e compromissos. Escolhe uma coisa – apenas uma – para deixar ir. Talvez seja uma obrigação que não faz sentido, ou até um pensamento que já não te serve.”
Uma Prática para Liberar o Peso
Ele te entrega um pequeno pedaço de papel e diz: “Escreve aqui algo que tens carregado e que não te pertence mais. Pode ser uma obrigação, uma crença ou até uma expectativa que colocaram sobre ti.”
Tu pensas por um momento, depois escreves. Ele te pede que dobres o papel e o coloques ao lado da fonte. “Agora, deixa isso aqui. Quando saíres deste refúgio, tu já não precisarás mais carregar isso contigo.”
Um Reencontro com a Tua Essência
O Anfitrião sorri e te diz: “Tu não precisas mudar quem és, apenas te lembrar. Cada vez que olhares para dentro, estarás limpando tua fonte e te aproximando do teu fluxo natural. Esse é o primeiro passo para te sentires genuinamente humano.”
Tu te levantas, sentindo algo leve em ti, como se o peso do dia tivesse diminuído. E, enquanto caminhas pelo refúgio, percebes que, pela primeira vez em muito tempo, estás realmente te observando.
Reflexão Final
O que tens carregado e já não te pertence mais? Como seria poder deixar ir isso que não é mais teu?
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