O Primeiro Passo do Projeto

Capítulo 17 de 26 | Espaço Partida


A ideia de Julinho já havia sido apresentada e acolhida com entusiasmo pelos moradores. Paulo, agora engajado, assumiu a liderança para transformar o plano em algo concreto.

Enquanto isso, Gal estava em um café próximo ao cortiço, revendo as anotações de um projeto pessoal que ela vinha desenvolvendo. Ela havia conseguido um pequeno emprego como assistente administrativa e, aos poucos, começava a se reconectar com a mulher criativa e determinada que sempre foi.


Primeiros Desafios no Cortiço

No pátio do cortiço, moradores se reuniam em pequenos grupos, discutindo ideias e dividindo tarefas. No centro de tudo, Paulo e Julinho revisavam os esboços e organizavam a execução.

— Então, Paulo, como vamos fazer isso funcionar? — perguntou Valéria, cruzando os braços enquanto observava o amontoado de materiais improvisados.

Paulo respirou fundo, sentindo o peso da responsabilidade.
— Vamos começar pequeno. Primeiro, organizamos o espaço. Depois, cuidamos das prioridades: água, comida e energia.

Julinho apontou para os desenhos.
— Precisamos limpar a área da antiga lavanderia para instalar a horta vertical. É a base de tudo.

Valéria deu um leve sorriso.
— Bem, vamos precisar de mais mãos para isso. Vou chamar o pessoal da marmitaria.


Gal Volta ao Cortiço

Depois do expediente, Gal voltou ao cortiço, carregando uma sacola de mantimentos. Ela passou pelo pátio e parou por um momento para observar a cena. Era estranho ver Paulo tão envolvido com os moradores. Ele coordenava grupos com uma calma que ela nunca havia presenciado antes.

Valéria notou sua presença e acenou.
— Gal! Vem dar uma olhada no que estamos fazendo.

— O que está acontecendo? — perguntou ela, aproximando-se.

Paulo, suado e com as mãos sujas de terra, olhou para ela e deu um sorriso tímido.
— Estamos transformando isso aqui, Gal.

Ela levantou uma sobrancelha, cética, mas curiosa.
— É mesmo?


Trabalho em Equipe

A tarde foi marcada por um esforço coletivo. Gal, ainda hesitante, acabou sendo recrutada por Valéria para ajudar a organizar o que seria o refeitório comunitário.

— Não sei se consigo contribuir muito — disse ela.

— Consegue, sim — respondeu Valéria. — Você tem bom gosto. Se alguém pode deixar isso bonito, é você.

Enquanto Paulo organizava os grupos no pátio, Gal trabalhava ao lado de Valéria e Jurema, descobrindo, pela primeira vez, um senso de pertencimento.


Uma Nova Perspectiva

No fim da tarde, Gal e Paulo se cruzaram novamente no pátio. Ele estava exausto, mas havia uma leveza em sua expressão que ela não reconhecia.

— Você parece… diferente — disse ela.

Ele riu.
— Talvez eu esteja começando a aprender.

Ela hesitou, mas acabou sorrindo.
— Talvez eu também.


Reflexões Noturnas

Naquela noite, enquanto Paulo e Julinho revisavam os progressos do dia, Gal estava no quarto, reorganizando suas anotações e rascunhando ideias para seu próprio projeto.

Ambos, de maneiras diferentes, estavam encontrando caminhos para reconstruir suas vidas – ele, por meio da comunidade; ela, por meio de sua independência.


Fechamento do Capítulo

O primeiro dia de trabalho no projeto do cortiço não apenas marcou o início da transformação física do lugar, mas também simbolizou o crescimento de Paulo e Gal.

Enquanto ele descobria o valor da colaboração, ela reafirmava o poder de se reconectar consigo mesma. E, mesmo seguindo jornadas diferentes, havia um reconhecimento silencioso de que, talvez, ambos ainda tivessem algo a oferecer um ao outro.


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