📌 Eu Sei, Mas Eu Não Queria


Eu Sei, Mas Eu Não Queria

Eu sei.

Eu sei que sou egoísta.
Eu sei que sou arrogante.
Eu sei que sou preconceituoso.
Eu sei que sou hipócrita.
Eu sei que sou orgulhoso.
Eu sei que sou prepotente.

Mas eu não queria saber.

Porque saber incomoda.
Saber obriga a encarar o que eu sempre preferi ignorar.
Saber tira o conforto da desculpa.
Saber me desinstala.

Se eu sei e não mudo, é porque escolhi não mudar.
E eu não queria isso. Não queria essa consciência, esse espelho, essa urgência.

Porque saber exige esforço.
Exige pensar antes de falar.
Exige medir antes de agir.
Exige olhar para dentro antes de julgar o fora.

E, sinceramente?
É mais fácil não saber.
Ou fingir que não sei.


Eu Sei, Mas Não Queria Saber

Eu sei que pessoas trans existem.
Mas eu não queria saber.
Porque, se eu souber, preciso decidir se vou respeitar ou rejeitar.

Eu sei que a pobreza é real.
Mas eu não queria saber.
Porque, se eu souber, preciso lidar com o fato de que meu conforto custa o desconforto de muitos.

Eu sei que pessoas negras ainda precisam provar que merecem estar onde eu entro sem esforço.
Mas eu não queria saber.
Porque, se eu souber, preciso admitir que o problema não ficou no passado.

Eu sei que ser mulher ainda significa viver com medo.
Mas eu não queria saber.
Porque, se eu souber, preciso aceitar que o mundo é injusto — e que talvez eu seja parte disso.

Eu sei que corpos gordos são tratados como se não fossem dignos de amor ou respeito.
Mas eu não queria saber.
Porque, se eu souber, preciso parar de fingir que o problema é só “saúde”.

Eu sei que há gente morando na rua.
Mas eu não queria saber.
Porque, se eu souber, preciso aceitar que ninguém está tão longe assim de perder tudo.

Eu sei.
Mas, enquanto não for comigo, enquanto não for com os meus, enquanto não for na minha pele, eu sigo fingindo que não sei.


A Hipocrisia de Fingir Que Não Me Afeta

O mundo não é cego.
Sou eu que escolhi não enxergar.

O mundo nunca me escondeu nada.
Sou eu que desviei o olhar.

E pior:
Eu me convenço de que está tudo bem.
Porque “todo mundo faz”.
Porque “ninguém muda o mundo sozinho”.
Porque “não é problema meu”.

Então eu sigo.
Sigo egoísta.
Sigo hipócrita.
Sigo confortável na minha bolha… onde a dor do outro nunca me alcança.

Mas…
E se um dia alcançar?
E se um dia for comigo?
E se a realidade que eu sempre ignorei for a minha?


O Que Fazer Com o Que Eu Sei?

Duas opções. Uma escolha.

1️⃣ Aceitar e seguir igual.
Justificar.
Racionalizar.
Culpar o mundo.
Dizer que o problema é fora — e que eu sou só reflexo do sistema.

2️⃣ Encarar e fazer algo com isso.
Reconhecer, sem culpa, sem vitimismo.
Aceitar que eu também sou parte — e posso ser parte da mudança.
Observar quando o preconceito fala em mim e escolher silenciá-lo.
Trocar a necessidade de parecer pela coragem de ser.

A diferença entre essas duas opções não é o que eu sinto.
É o que eu escolho fazer com o que sinto.

E essa escolha… é todo dia.
Toda conversa.
Todo olhar.
Toda reação.


Este Espaço Não É Para Quem Escolhe a Primeira Opção

Aqui no CoHerência, ninguém vai te convencer de nada.
Ninguém vai te catequizar.
Ninguém vai te salvar.

Se tu ainda escolhes fingir que não sabe, esse espaço não é para ti.
E tudo bem.
Pode ir em paz.

Mas…
Se tu olhaste para dentro e cansaste de fugir,
Se tu decidiste que não quer mais ser refém do que te limita,
Se tu queres parar de fingir que não sabe…

Então talvez, esse espaço te acolha.
Porque aqui não há moldes.
Só provocação.
Só deslocamento.
Só a chance real de voltar a ser quem tu és.


A única pergunta que importa não é se tu sabes.
A única pergunta que importa é:

Agora que tu sabes…
o que vais fazer com isso?


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