O Preconceito Nosso de Cada Dia


Somos todos preconceituosos. O que vamos fazer com isso?

Preconceito não é uma escolha consciente.
É um reflexo da cultura em que crescemos.

Tu não precisas querer ser preconceituoso para ser. Basta ter crescido em uma sociedade que ensina, desde o primeiro dia, quem é “certo” e quem é “errado”, quem inspira confiança e quem inspira medo, quem deve falar e quem deve se calar.

E isso nem sempre vem com palavras.
Às vezes vem num olhar, numa piada, numa reação atravessada.

Por isso, a pergunta mais importante não é “Será que tenho preconceito?”
É: “O que estou fazendo para não ser?”


O Preconceito Está em Toda Parte

Tu podes até achar que não tens nenhum. Mas olha com calma:

  • De classe → Quando julgas alguém pela roupa ou pelo bairro.
  • Racial → Quando te surpreendes com a inteligência de uma pessoa preta.
  • Linguístico → Quando ris do sotaque ou da forma de falar de alguém.
  • De gênero → Quando achas que homem que chora é fraco ou que mulher tem que ser doce.
  • Etário → Quando desconsideras a opinião de alguém só pela idade.
  • De corpo → Quando assumes que um corpo gordo é sinônimo de desleixo ou preguiça.
  • Religioso → Quando tens medo do que desconheces.
  • Contra minorias → Quando duvidas da dor de quem sempre teve que justificar a própria existência.

Não aprendemos isso de forma direta.
Aprendemos vivendo dentro de sistemas que naturalizam essas crenças.

O problema nunca foi ter aprendido.
O problema é não se reeducar.


Como Se Reeducar Para Não Ser?

1. Reconhece

Aceita que tu tens preconceitos.
Todos nascem livre deles — Ao longo da vida eles vão sendo construídos, mas tu podes escolher não sustentá-los.

Pergunta a ti mesmo:

  • De onde vem essa ideia que eu tive agora?
  • Isso faz sentido para todas as pessoas que vivem essa realidade?
  • Isso é verdade ou é só uma crença herdada?

O desconforto de perceber um preconceito não é um fracasso, é o início da quebra de paradigma imposta por ele, o qual culminará em mudança.


2. Troca Julgamento por Curiosidade

Em vez de pensar “que absurdo”, tenta:
“O que será que eu ainda não entendi?”

  • Lê textos de quem vive realidades diferentes da tua.
  • Assiste filmes, documentários, histórias de vida reais.
  • Conversa com respeito, escuta mais do que fala.

A escuta ativa abre espaços onde antes havia muros.


3. Substitui o “Mas” pelo “E”

❌ “Eu entendo a dor das minorias, mas isso não me parece certo.”
✅ “Eu entendo a dor das minorias, e quero saber mais sobre o que posso fazer.”

O “mas” anula.
O “e” acolhe, soma, amplia.


4. Assume Tua Responsabilidade

Ser contra o preconceito não é uma posição neutra.

  • Corrige, mesmo que com desconforto.
  • Interrompe piadas racistas, comentários gordofóbicos ou falas machistas.
  • Amplifica vozes que não são ouvidas. Passa o microfone, não toma para ti.

💡 Não basta “não ser preconceituoso”.
O silêncio fortalece o sistema.


O Que Vais Fazer com Teu Preconceito?

A mudança não começa com o mundo.
Começa contigo.

Não é mais uma questão de “se” tens preconceitos.
É uma questão de “como” vais lidar com eles a partir de agora.

A escolha é tua.
A responsabilidade também.amos construir esse espaço juntos!


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