Ser e Parecer
Duas palavras.
Tão próximas, tão confundidas, tão sobrepostas uma à outra que, às vezes, parecem a mesma coisa.
Mas não são.
Ser é essência.
Parecer é reflexo.
Ser é raiz.
Parecer é superfície.
Ser é permanência.
Parecer é performance.
Ser é o que permanece quando ninguém está olhando.
Parecer é o que se exibe quando todos estão assistindo.
E entre essas duas realidades — o que pulsa dentro e o que projetamos para fora — a gente constrói quem é.
Ou se perde.
O que significa ser?
Ser é aquilo que existe em ti antes de qualquer nome, rótulo ou expectativa.
É o que sobra quando tu tiras os títulos, as máscaras, os papéis que a vida te deu.
É aquilo que não precisa da aprovação de ninguém para continuar existindo.
Ser é identidade sem permissão.
É sentir sem medo.
É respirar e saber que, mesmo sem nenhum aplauso, tua existência já tem valor.
Ser não precisa de plateia.
Ser simplesmente é.
E o parecer?
Parecer é a versão ajustada, calibrada, cuidadosamente moldada para caber no mundo.
É o que mostramos para sermos aceitos.
É o que escondemos para não sermos rejeitados.
Parecer é um contrato invisível com a sociedade:
- Eu prometo parecer forte, mesmo quando estou frágil.
- Eu prometo parecer feliz, mesmo quando algo me corrói por dentro.
- Eu prometo parecer produtivo, mesmo que eu esteja à beira do colapso.
- Eu prometo parecer invencível, mesmo quando tudo em mim está quebrado.
A influência dessa dualidade
A tensão entre ser e parecer nos acompanha em tudo.
Nas decisões. Nos encontros. Nos silêncios.
- No trabalho: Será que te reconhecem pelo que és ou pelo que aparentas?
- Nos relacionamentos: Te amam por quem és ou pelo personagem que apresentas?
- Na fé: Tu a vives ou apenas a demonstras?
- Na rotina: Tu escolhes porque faz sentido ou porque faz bonito?
Parecer nos empurra para a segurança.
Ser nos desafia à autenticidade.
Parecer nos protege.
Ser nos expõe.
E quem não suporta essa exposição…
Escolhe parecer.
O que perdemos ao escolher parecer?
No começo, parecer parece funcionar.
Te traz pertencimento, aceitação, status.
Mas depois…
Tu começas a desaparecer.
- Perdes a liberdade — porque tudo é filtrado.
- Perdes a conexão — porque ninguém conhece quem tu realmente és.
- Perdes tempo — porque sustentas uma imagem que já não te serve.
- Perdes a ti mesmo — porque nem tu mais sabes quem és sem a máscara.
E quando percebes…
Ser se tornou quase impossível.
A escolha final: entre a mentira confortável e a verdade incômoda
Ser exige coragem.
Parecer exige controle.
Ser é arriscar a rejeição para viver a tua verdade.
Parecer é garantir aceitação à custa da tua alma.
No final, só uma pergunta importa:
Se ninguém mais estivesse olhando, quem tu serias?
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