Por Que Tantos Personagens, Afinal?
Se ser autêntico é tão bom, por que passamos a vida acumulando máscaras?
A resposta é simples e brutal: porque fomos ensinados a sobreviver, não a existir de verdade.
Desde cedo, aprendemos que algumas versões de nós são mais aceitas que outras.
A criança que expressa suas emoções é chamada de “sensível demais”.
O adolescente que não se encaixa aprende a se moldar para ser aceito.
O adulto que questiona o sistema percebe que é mais fácil seguir o fluxo do que romper com ele.
Sem perceber, nos tornamos colecionadores de personagens.
O problema é que, um dia, tu olhas no espelho e não sabes mais quem está ali.
E então, quando tu decides ser quem és de verdade, vem o choque.
Porque, pela primeira vez, não há mais roteiro para seguir.
O Caos da Primeira Quebra
Quando tu decides abandonar as máscaras, tudo se desorganiza.
Tu te sentes exposto. → Sem as camadas que te protegiam, cada olhar e julgamento parece mais pesado.
Tu não sabes mais como agir. → Antes, cada situação tinha um personagem pronto. Agora, é só tu.
Tu sentes falta das máscaras. → Porque, mesmo sendo uma prisão, elas também eram um escudo.
É como andar descalço depois de anos usando sapatos apertados.
A liberdade assusta antes de acolher.
E aqui está a armadilha: nesse ponto, muitos voltam atrás.
Porque o desconhecido assusta mais do que o sofrimento que já conhecemos.
Mas quem segue em frente, descobre algo que poucos conhecem: a verdade dói, mas não pesa.
A Morte da Identidade Construída
Quem és tu quando ninguém mais está olhando?
A resposta a essa pergunta não vem rápido.
Quando tu abandonas as máscaras, tu não te tornas alguém novo imediatamente.
Tu te tornas um vazio.
Sem os papéis que desempenhavas, tu não sabes mais qual é teu papel.
Sem as expectativas dos outros, tu precisas descobrir teus próprios desejos.
Sem as regras impostas, tu precisas criar as tuas.
E o pior de tudo: tu percebes que muitas das tuas escolhas não foram realmente tuas.
A faculdade que tu escolheste, foi porque tu querias ou porque parecia o caminho certo?
O relacionamento que tu mantiveste, foi por amor ou por medo de ficar só?
As opiniões que tu defendes, são tuas ou herdadas de alguém?
A dor real não é perder as máscaras. É perceber o quanto tu foste um personagem na tua própria história.
E então, tu precisas decidir:
Te reinventas ou voltas para o conforto da mentira?
A Separação Entre Quem Segue e Quem Fica
Se tu decides seguir sem máscaras, algo inevitável acontece: tu perdes pessoas.
Aqueles que gostavam do “tu ajustado” começam a se incomodar.
Quem se beneficiava da tua obediência, começa a te chamar de egoísta.
Quem estava acostumado a um “tu passivo” se sente desafiado pela tua autenticidade.
E então, tu começas a entender: o problema nunca foi tu seres quem és.
O problema é que muita gente só sabia te amar dentro do personagem.
E quando o personagem desaparece, algumas conexões desaparecem junto.
Mas e se isso não for uma perda?
E se, na verdade, tu apenas estiveres eliminando o que não era real?
O Que Existe Depois do Desconforto?
Quando a poeira assenta, algo novo nasce: a possibilidade de existir sem medo.
Tu aprendes a falar sem calcular cada palavra.
Tu te relacionas sem a necessidade de impressionar.
Tu tomas decisões baseadas no que realmente faz sentido para ti.
E tu percebes que a vida não deveria ser uma batalha para ser aceito.
A vida deveria ser um espaço onde tu podes simplesmente ser.
E a ironia? As conexões que realmente importam começam a aparecer.
O Que Vem Depois?
Agora que tu abandonaste as máscaras, outro desafio surge.
O choque de perceber a própria incoerência.
Segue para o próximo texto: O Que Fazer Quando Tu Percebes Que Passaste Anos Traindo a Ti Mesmo?
A liberdade não está em ser perfeito. Está em ser verdadeiro.
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