A Porta Diante de Ti
O quarto ainda está escuro quando tu acordas. O refúgio está silencioso, como se o próprio ambiente estivesse aguardando. Tu ficas ali por alguns instantes, sentindo a respiração, sentindo o despertar acontecer dentro de ti antes mesmo de te levantares. Algo mudou. Tu percebes que as últimas conversas com o Anfitrião não foram apenas palavras – elas te atravessaram.
Hoje, há uma inquietação diferente. Como se algo te chamasse para ir além do que já compreendeste.
Quando finalmente decides sair, tu o encontras esperando na entrada do jardim. Ele te observa por um instante e, sem dizer nada, aponta para um caminho que não havias notado antes.
Tu o segues em silêncio, sem precisar de explicações. Apenas sentes que este é o próximo passo.
No fim do caminho, há uma porta.
“Está aberta,” diz o Anfitrião. “Mas só tu podes decidir atravessá-la.”
O Reflexo Que Te Espera
Tu hesitas. Há algo de familiar nessa porta, mas também há algo assustador. Quando finalmente decides atravessá-la, o ambiente ao redor se transforma. Agora, estás diante de um espelho enorme. E, pela primeira vez, vês algo que sempre evitaste: a ti mesmo, sem filtros, sem máscaras, sem papéis. Apenas tu.
O Anfitrião permanece em silêncio, permitindo que tu absorvas o momento.
“Esse é o encontro que a maioria evita,” ele diz, por fim. “O encontro consigo mesmo.”
Tu olhas para teu próprio reflexo. No início, vês apenas a imagem física – os traços que já conheces. Mas, conforme permaneces ali, algo muda. Começas a ver além. Os teus medos, as tuas inseguranças, os traumas que ainda carregas.
E, ao mesmo tempo, vês a tua força, os teus momentos de coragem, tudo o que construíste ao longo da tua jornada.
O espelho não mente. Ele não suaviza nem distorce. Ele apenas te mostra.
Por Que Fugimos de Nós Mesmos?
O Anfitrião caminha até teu lado e te observa através do espelho.
“Muitas vezes, passamos a vida fugindo de quem somos,” ele diz. “Nos escondemos atrás de ocupações, de distrações, de expectativas dos outros. Construímos personagens para nos encaixarmos. Mas, em algum momento, a pergunta retorna: quem somos além de tudo isso?”
Tu sentes um aperto no peito. Sim, tens consciência de que já fugiste de ti mesmo. Já ignoraste sentimentos, já tentaste te moldar ao que achavas que os outros queriam.
E o Anfitrião continua:
“Fugimos porque temos medo. Medo de não sermos suficientes. Medo de sermos rejeitados. Medo de termos que mudar tudo. Mas deixa-me te dizer algo: a tua verdade já está dentro de ti. E ela não precisa ser perfeita – apenas precisa ser tua.”
A Coragem de Ser Autêntico
O silêncio entre vocês é denso, mas não desconfortável.
“Então, o que significa ser verdadeiro?” tu perguntas.
O Anfitrião sorri. “Significa ser coerente com o que tu realmente sentes, pensas e desejas. Significa não te traíres para agradar os outros. Significa te expressares sem medo do julgamento, sem precisar de validação externa para existir.”
Ele então se vira para ti e diz:
“Significa viver de acordo com aquilo que, lá no fundo, tu já sabes ser verdadeiro. Mesmo quando for difícil. Mesmo quando significar deixar algumas coisas para trás.”
Tu engoles em seco. Sim, há coisas que tu ainda seguras por medo de soltar. Há versões de ti que já não fazem mais sentido, mas que ainda carregas porque te acostumaste a elas.
Mas agora, diante deste espelho, percebes que manter essa carga é um preço alto demais.
Ser Verdadeiro Não é Ser Aprovado – É Ser Livre
O Anfitrião toca levemente o espelho, e, de repente, tu vês flashes de momentos em que não foste verdadeiro contigo mesmo. Situações em que disseste “sim” quando querias dizer “não”. Momentos em que seguiste o que esperavam de ti, e não o que teu coração pedia.
E então, surgem cenas em que escolheste ser autêntico. Pequenos instantes em que não te curvaste às expectativas. Momentos em que te permitiste sentir, errar, aprender, mas sempre sendo tu mesmo.
“Qual dessas versões de ti tu queres fortalecer?” ele pergunta.
A resposta não precisa ser dita. Tu já sabes.
Uma Decisão Silenciosa, Mas Poderosa
O Anfitrião então diz:
“Autenticidade não é sobre ser perfeito. É sobre ser inteiro. E isso começa agora.”
Tu respiras fundo. Atravessas a porta de volta ao refúgio. Mas agora, algo está diferente.
Tu já não carregas tanto peso.
Tu já não precisas te esconder.
Porque escolheste, mesmo que silenciosamente, ser verdadeiro.
📌 Reflexão Final
O que tens escondido de ti mesmo para ser aceito? O que mudaria se escolhesses, a partir de agora, ser verdadeiro contigo, independentemente da aprovação dos outros?
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