Bem-Vinde De Volta, Ser Humano

Capítulo 11 de 11 | Espaço de Acolhimento

Um Novo Horizonte

Bem-vindo de volta, ser humano!

O sol já está alto quando o Tu desperta. Ele senta na beira da cama, os pés tocando o chão frio, mas algo mudou.

Não é mais apenas o calor do dia que o aquece. Há uma clareza, uma força tranquila que pulsa em seu peito.

Ao sair, encontra o Falador no alpendre, agitado, como sempre. “Finalmente acordaste,” diz ele, com um sorriso curioso. “Então, qual é o grande segredo?

O que aprendeste nesse teu sono interminável?”

Tu sorris, mas não responde de imediato. Em vez disso, senta-te calmamente ao lado dele, olhando para o horizonte onde o céu se estende em um azul infinito.

“Não há um segredo,” diz ele, depois de um tempo. “Há apenas escolhas. Simples, mas transformadoras.

Coisas que nos esquecemos de fazer porque estamos ocupados demais correndo atrás do que já temos dentro de nós.”

O Falador franze o cenho. “Isso não faz sentido.”

“Então deixa-me mostrar,” dizes tu, virando-te para ele. “Não com palavras bonitas, mas com a verdade que vivemos todos os dias. Vou te explicar como está. E como poderia ser.”


As Primeiras Lições

1. Cuidar do Corpo com Intenção

Tu começas com um gesto simples: faz um movimento com as mãos, como quem segura algo.

“Imagina tua rotina alimentar,” diz ele.

“É provável que seja algo assim: tu estás correndo, sem tempo para nada, e a fome chega. Então tu pegas o que está mais rápido, mais fácil.

Fast food, uma barra de cereal, talvez nem isso.

Tu comes no carro, na frente do computador, ou enquanto caminhas para a próxima tarefa.

Tu nem sentes o sabor.

Apenas mastigas e engoles, como se o alimento fosse uma obrigação.”

O Falador assente devagar, o rosto agora mais sério.

“E isso não é apenas sobre comida,” continuas.

“É sobre o que estás dizendo a ti mesmo: ‘Eu não tenho tempo para cuidar de mim.’ Essa é a mensagem que tua mente e teu corpo recebem todos os dias.”

Ele para por um momento, deixando as palavras penetrarem na mente do Falador.

“Mas agora imagina algo diferente,” diz ele. “Imagina que, ao invés disso, tu tiras trinta minutos para sentar e comer.

Não importa se é uma fruta, uma salada ou algo simples.

O que importa é que tu te permitas estar presente. Tu sintas o sabor, o aroma, a textura.

Tu percebas que aquilo não é apenas alimento – é cuidado, é energia, é vida.”

O Falador inclina-se para frente, intrigado.

“Quando tu mudas a forma como te alimentas,” dizes, “tu estás dizendo a ti mesmo: ‘Eu me importo. Eu mereço tempo. Eu mereço cuidado.’

E isso, Falador, é o início de algo maior.”


2. Reconectar-se com o Afeto

Tu colocas uma mão sobre o ombro do Falador, um gesto que o pega de surpresa.

“Agora pensa na tua família, nos teus amigos,” diz ele.

“Quantas vezes vocês se veem, mas não se tocam?

Quantas vezes tu passas dias, semanas, talvez meses sem dar um abraço sincero em alguém que amas?”

O Falador desvia o olhar, inquieto.

“Isso é o que fazemos,” continuas.

“Dizemos ‘eu te amo’ com palavras, mas esquecemos que o corpo também fala.

E o que ele diz quando nunca tocamos, nunca abraçamos, nunca olhamos nos olhos?”

Tu fazes uma pausa, tua voz agora mais suave.

“Agora imagina algo diferente.

Imagina que, ao invés de um ‘oi’ apressado, tu paras por um momento. Tu dás um abraço apertado, daqueles que dizem sem palavras: ‘Eu estou aqui. Eu te vejo. Tu me importas.’

Esse toque, Falador, é mais do que um gesto. É uma conexão. É um lembrete de que não estamos sozinhos.”

O Falador suspira profundamente, como quem percebe algo que nunca havia notado antes.


3. Encontrar Teu Propósito no Trabalho

Tu te viras para o horizonte, apontando para um grupo de pássaros que voam em formação.

“Agora pensa no teu trabalho,” diz ele.

“Quantas vezes tu tentas ser como aquele colega que é bom em algo que tu não és?

Quantas vezes tu tentas competir, ser melhor, provar algo que nem precisas?”

O Falador levanta as sobrancelhas, surpreso.

“Isso é o que fazemos,” explicas Tu.

“Nós achamos que, para sermos valorizados, precisamos ser bons em tudo.

Mas esquecemos que somos diferentes, e que é exatamente isso que nos torna imbatíveis.”

Tu fazes mais uma pausa, então continua:

“Agora imagina que, ao invés disso, tu te concentres no que és bom.

Talvez seja ouvir, talvez seja organizar, talvez seja criar.

Não importa o que seja – o que importa é que tu encontres teu lugar. E, ao mesmo tempo, deixes espaço para que o outro brilhe no que ele é bom.”

Ele aponta novamente para os pássaros. “Olha para eles. Cada um tem seu lugar na formação.

E é isso que os mantém no ar. Não é competição. É colaboração. É coerência.”

O Falador parece querer dizer algo, mas apenas assente, pensativo.


4. Plenitude no Presente

Por fim, tu pegas uma folha seca do chão, girando-a entre os dedos.

“Agora pensa nos teus dias,” diz ele. “Quantas vezes tu corres de uma coisa para outra, sem nunca estar realmente onde estás?

Tu estás sempre pensando no próximo momento, esquecendo que a vida está acontecendo aqui, agora.”

Ele solta a folha, que flutua suavemente até o chão.

“Plenitude,” explica o Tu, “não é sobre ter tudo. É sobre estar inteiro no que fazes. Seja comer, abraçar, trabalhar ou descansar.

Quando tu estás presente, o que tens é suficiente.

E é isso que te dá paz.”


A Felicidade e a Plenitude: O Alinhamento das Escolhas

O Falador olha para ti, o rosto agora mais tranquilo. “Então é isso?” pergunta ele. “Cuidar de si, conectar-se com os outros, encontrar teu lugar, estar presente… isso é ser humano?”

“Sim,” responde o Tu. “Porque felicidade não é algo que tu alcanças. É algo que cultivas.

E plenitude não é sobre estar perfeito – é sobre estar presente, inteiro, verdadeiro.”

Ele sorri, como quem carrega agora uma leveza nova. “Essas escolhas são simples, Falador. Mas elas transformam tudo.”


Bem-Vinde de Volta, Ser Humano

Enquanto tu e o Falador estão pensando em tudo o que foi dito, o céu começa a mudar.

O azul profundo da noite dá lugar ao dourado suave do crepúsculo.

Os passos são lentos, mas carregados de uma nova consciência, como se cada movimento fosse uma escolha, um eco do que aprenderam.

O Anfitrião está à porta, esperando que voltem do passeio. Ele não diz nada de imediato. Apenas observa os dois com aquele sorriso tranquilo que parece conter todo o tempo do mundo.

Tu, então, olha para ele, com o Falador ao lado, ambos em silêncio. Mas não é um silêncio de dúvidas – é um silêncio de entendimento.

O Anfitrião os observa por um momento mais longo, como quem avalia não apenas o que veem, mas o que carregam dentro de si. E então, com uma voz que carrega tanto firmeza quanto ternura, ele diz:

“Bem-vindo de volta, ser humano.”

Essas palavras não são apenas uma saudação. Elas são um portal, uma verdade que ressoa em cada fibra do que são.

O Falador ergue o olhar, quase com surpresa, enquanto o Tu sorri – não com os lábios, mas com a certeza de quem encontrou um novo começo.


A Partida

O Anfitrião se aproxima, colocando uma mão no ombro de cada um.

“Lembrem-se,” diz ele, “a vida lá fora não será diferente.

Mas vocês serão.

E é isso que transforma tudo.

Porque ser humano não é sobre perfeição.

É sobre manter conexão, resiliência e a coragem de viver com intenção.”

Ele dá um passo atrás, indicando a porta que agora parece não ser apenas uma saída, mas um convite.

“O mundo espera por vocês. Não com pressa, mas com presença.

Sigam, e lembrem-se: o que vocês tocam, transformam. E o que transformam, transforma vocês.”

Tu e o Falador trocam um olhar breve, mas significativo, antes de atravessarem a porta.

O sol no horizonte parece maior agora, como se iluminasse o caminho que ambos trilharão – juntos, mas cada um à sua maneira.

E enquanto se afastam, o Anfitrião os observa, com aquele mesmo sorriso tranquilo.

“Bem-vinde de volta, murmura ele, para todo aquele que tiver ouvidos para ouvir, seres humanos.”


Reflexão Final:

💭 Como tu escolhes transformar tua vida ao tocar a vida dos outros? Lembra-te: a mudança começa no simples – e é no simples que ela se multiplica.
✍️ Compartilha tua experiência nos comentários.


Tu pode caminhar por onde quiser. Mas se quiseres seguir a trilha como ela foi pensada, aqui, sempre encontrarás o próximo texto e o anterior.

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