Tem gente vendendo o sonho pronto. A promessa de uma vida livre, leve e autêntica.
Só não contam a parte feia. A parte que não aparece nos vídeos bonitos do Instagram, nem nos textos bem editados do LinkedIn.
Mas aqui, a gente escolheu contar a verdade. Toda ela.
Porque se tu quiseres ser quem tu és, mesmo que ainda não saibas quem seja, tu vais ter que pagar o preço.
E ele não é pequeno.
A maior mentira que te contaram foi que encontrar a tua essência seria doce, libertador e mágico — como um filme de superação.
Mas aqui, a gente não tá em um filme. A gente tá num processo real. Doloroso. Exaustivo. Solitário. Demorado.
Contudo, possível. E tu vais precisar saber disso antes para decidir com consciência e responsabilidade se permanece ou não.
Entenda, essa jornada é uma travessia. E toda travessia começa com uma perda.
O luto que antecede o nascimento
Tu não vais nascer de novo. Tu vais apenas deixar morrer a identidade que nunca foi tua.
A máscara que tu aprendeste a usar. O personagem que construíste pra caber. É um processo de luto. E luto, tu sabes, dói.
Esse retorno a ti vai passar por cinco fases inevitáveis:
- Negação: tu vais resistir. Vai te parecer exagerado. Vai querer acreditar que ainda dá pra continuar fingindo.
- Raiva: quando perceberes que não dá, vai doer. E a dor vai virar raiva — de ti, dos outros, da vida.
- Negociação: tu vais tentar encontrar um meio-termo. Ser só um pouquinho tu, sem perder o que conquistaste com a máscara.
- Depressão: quando entenderes que não dá pra conciliar os dois mundos, o chão vai sair dos teus pés.
- Aceitação: e só então, se tu continuares, virá o alívio. Não porque ficou fácil. Mas porque, enfim, ficou verdadeiro.
Mas antes de tudo isso, antes da primeira fase, vem o choque da decisão.
O momento em que tu percebes que continuar sendo quem não és está te custando caro demais.
E é nesse momento que o custo real aparece.
Se tu realmente quiseres ser quem tu és, tu vais perder:
O Custo Real
Imagem
Tu vais perder a versão de ti que o mundo gostava. A embalagem que agradava, que era elogiada, que passava despercebida. E vais precisar encarar o espelho — talvez pela primeira vez.
Rendimento
Porque tu vais desacelerar. E quando desaceleras, tua produtividade vai cair. Por um tempo. Porque tu não és máquina. És gente. E gente, quando quebra, precisa parar pra colar os cacos.
Gente
Tu vais perder pessoas. Algumas que tu amavas. Outras que só estavam ali pela versão falsa de ti. Tu vais descobrir quem fica quando tu parares de fingir.
Certezas
O que tu achavas que era certo, não vai mais ser. Tu vais questionar tudo. E a dúvida vai virar tua companhia por um tempo.
Previsão
Tu não vais mais saber o que te espera. Porque o caminho que tu trilhaste até aqui era previsível. Mas o que começa agora é inédito.
Tempo
Tu vais perder tempo reaprendendo o que é viver de verdade. Não será rápido, nem eficiente. Mas será teu.
Segurança
Tu vais perder o chão. A falsa segurança de fazer o que sempre fizeste. De obedecer o que te mandaram. Tu vais precisar aprender a confiar em ti.
Conforto
Vai doer. Vai incomodar. E vai ser desconfortável sair do molde. E ainda mais difícil será não saber qual é o novo molde. Spoiler: não tem molde.
Máscaras
Tu vais deixá-las cair. Uma a uma. E vai sentir frio, vergonha, medo. Mas só sem máscara tu consegues respirar fundo de novo.
Os processos reais
E além das perdas, tu vais ter que lidar com:
Desconstrução
Desfazer crenças, ideias, relações, rotinas. Tudo que não é teu vai ruir. E tu vais precisar deixar ruir.
Reconstrução
Não basta destruir. Tu vais ter que reconstruir. Tijolo por tijolo. Pensamento por pensamento. Hábitos. Crenças. Visões.
Solitude
Tu vais passar um tempo contigo. Sozinho. Porque ninguém pode atravessar esse caminho no teu lugar.
Frustração
Vai dar errado. Muitas vezes. E tu vais te frustrar contigo, com os outros, com Deus. Faz parte. Respira.
Luto
Não é só o que tu perdes. É o que tu achavas que seria e não vai mais ser. Tu vais viver o luto da vida que não foi.
Silêncio
Vão deixar de te ouvir. E tu vais precisar aprender a te escutar. O barulho de fora vai diminuir. E o de dentro vai aumentar.
Trabalho interno
Não é sobre fazer mais. É sobre olhar mais. Encarar tuas sombras. Tuas vergonhas. Tuas culpas. E atravessá-las.
Constância
Tu vais precisar continuar mesmo quando parecer que nada está mudando. E esse é o segredo: continuar.
Agora é contigo
Esse é o preço. E ninguém vai pagar por ti.
Tu podes parar por aqui.
Tu podes continuar fingindo que tá tudo bem. Muita gente faz isso.
Mas se tu decidires seguir, eu te digo: não vai ser fácil, mas vai ser verdadeiro.
E essa decisão — de ser quem tu és — só tu podes tomar.
Tu pode caminhar por onde quiser. Mas se quiseres seguir a trilha como ela foi pensada, aqui, sempre encontrarás o próximo texto e o anterior.
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