🛏️ | Espaço Partida – O Quarto da Casa CoHerência


Toda casa tem um quarto.
Não o lugar onde a gente apenas dorme,
mas onde a gente se desfaz, se revê, se refaz.

É no quarto que a gente se despe de tudo — da roupa, das máscaras, dos papéis.

É ali que a gente enfrenta o silêncio e entende que, se não estiver em paz consigo, não haverá travesseiro macio o suficiente.

No CoHerência, o quarto é esse espaço.
É onde a jornada que começou lá na cozinha, passou pela sala e atravessou o banheiro… agora exige escolha.

É hora de juntar as peças, vestir-se de si e sair de novo pro mundo —
mas, dessa vez, com a alma em pé.

Aqui, a gente já sabe o que sente.

Já viu o que estava escondido.

Já aceitou o que doeu.

E mesmo que o mundo lá fora continue o mesmo, quem volta já não volta igual.

Ou está chegando agora aqui, sem ter passado pelos ambientes anteriores. E é importante que você saiba que,

Neste espaço, tu vai acompanhar outra história.
Não é a tua — mas talvez tu te vejas nela.
É a história de Paulo e Gal.

Um homem cheio de certezas.
Arrogante, racional, prepotente.
Teve tudo: status, dinheiro, fama, influência.
E perdeu tudo.
Cada centavo, cada título, cada aparência.

A queda foi grande.
E quando se deu conta, estava ali:
no chão de um cortiço, entre paredes mofadas e olhares que não baixavam a cabeça.
Gente simples, de alma limpa, que não carregava o peso da vaidade.

Foi até perder também Gal.

E ali, onde achava que perdera tudo,
Paulo começou a ganhar o que nunca soube ter.

No começo, resistiu.
Reclamou, zombou, tentou manter sua “dignidade” —
mas era só orgulho com nome chique.

Aos poucos, os dias foram passando.
E, mesmo sem perceber, ele começou a mudar.

Primeiro no jeito de olhar.

Depois, no jeito de ouvir.

Até que um dia, sem pedir licença,
caminhando pelo ambiente e escutou a história de Valéria, os conselhos de Jurema, as lições de Clara e de Amaru, se encantou com o projeto do Julinho e descobriu Caio.

Caio, um homossexual que pinta quadros da vila com o mesmo capricho com que cuidava das feridas dos vizinhos.

Duas existências que jamais teriam se cruzado em outros tempos.

Mas ali, entre feijão no fogão à lenha e roupas estendidas no varal,
Paulo e Caio se enxergaram.
Não como opostos.
Mas como humanos.

Paulo não virou santo.
Ainda carregava preconceitos, dúvidas, resistências.
Mas agora ele escutava.

E, pela primeira vez, não se envergonhava de dizer que não sabia.
Que precisava aprender.
Que queria aprender.

O quarto, neste espaço, é também esse lugar simbólico:
onde a queda vira chão fértil.
Onde o fim de uma estrada vira bifurcação.

Porque Paulo achava que estava no fundo do poço,
mas mal sabia que estava prestes a começar a verdadeira jornada.

O que vem depois dessa história…
Ah… isso é algo que tu ainda vai ver.
Mas posso te dar um sinal:

Numa tarde qualquer, num lugar chamado Spartacus,
Paulo vai reencontrar um rosto conhecido por ti.

Um rosto que tu já viste em outros espaços desta casa.

E ali, sem saber que estavam entrando numa nova era,
Paulo, Gal e esse personagem que tu já acompanhares
vão receber um convite que mudará não só suas vidas,

mas talvez… a de todos nós.

É nesse encontro que nasce o embrião do próximo Espaço que, mais adiante, tu vai conhecer.

Mas por ora, fica aqui.
Respira fundo.

Te reorganiza.

O mundo ainda é o mesmo — mas tu, não.
E isso já muda tudo.


Textos que constroem a Partida:

  1. A chegada
  2. Orgulho e isolamento
  3. Tentativas frustradas
  4. Gal e o primeiro contato com o Cortiço
  5. A humilhação pública
  6. O primeiro acolhimento
  7. A primeira conversa com Jurema
  8. Lições com Valéria
  9. Encontro com Jurema
  10. A conversa com Caio
  11. A reconexão de Paulo e Gal
  12. Clara e a visão interna
  13. Amaru e o jardim do tempo
  14. O projeto de Julinho
  15. A conexão com Clara
  16. Manjericão com Amaru
  17. O primeiro passo do projeto
  18. Construindo a nova base
  19. A união da comunidade
  20. O primeiro marco
  21. O convite e a parceria de Gal e Paulo
  22. Expandindo horizontes
  23. Consolidando o movimento
  24. A União dos Universos
  25. O legado do Cortiço
  26. Condomínio Humanus: onde a unidade humana escolheu habitar

Tu pode caminhar por onde quiser. Mas se quiseres seguir a trilha como ela foi pensada, aqui, sempre encontrarás o próximo texto e o anterior.

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