A Importância da Linguagem Inclusiva
A linguagem que usamos reflete nossos valores e a forma como enxergamos o mundo. Por isso, no Blog CoHerêMciA, criamos o Guia de Linguagem e Termos de Inclusão LGBTQIA+, uma vez que, acreditamos no poder acolhedor, conector e transformador das palavras. Este guia foi criado para ajudar você a adotar uma comunicação respeitosa e inclusiva, com exemplos práticos e cotidianos.
Por que criar um Guia de Linguagem e Termos de Inclusão LGBTQIA+?
As palavras validam identidades, promovem empatia e criam um ambiente de respeito. Dessa forma, uma linguagem inclusiva é um ato de cuidado que ajuda a construir um mundo onde as diferenças são reconhecidas como potencialidades.
Além disso, desejamos garantir a segurança e o acolhimento em nosso espaço. Para isso, criamos uma Política de Tolerância Zero contra atitudes preconceituosas e discursos de ódio. Logo, este guia é uma ferramenta prática para orientar comportamentos respeitosos. Entretanto, caso os princípios não sejam seguidos, aplicaremos nossa política com firmeza.
Quem eu sou, como eu me expresso e por quem eu me apaixono
A identidade pode ser representada como uma árvore:
Exemplos Práticos
Raízes (Quem eu sou):
Quem eu sou internamente, ou seja, a percepção interna que temos sobre nosso gênero, como homem, mulher ou não-binário, independente de características físicas ou biológicas.
Por Exemplo: Vanessa se identifica como mulher cis e negra. Suas raízes incluem sua identidade de gênero e herança cultural, moldando sua experiência humana.
Por Exemplo: Carlos, um homem trans, reconheceu sua identidade masculina desde jovem, ainda que isso não fosse visível para os outros.
Tronco (Como eu me expresso):
Como eu me apresento ao mundo e a maneira como expressamos nosso gênero externamente, por meio de roupas, gestos e comportamentos.
Por Exemplo: Carlos, o homem trans, veste camisas sociais e corta o cabelo curto, alinhando sua expressão de gênero com sua identidade.
Por Exemplo: Paula, uma mulher cis lésbica, prefere roupas despojadas e sem maquiagem, expressando seu estilo pessoal.
Galhos (Por quem eu me apaixono):
Por quem me apaixono ou me sinto atraído. Atração romântica, sexual ou emocional por pessoas de determinado gênero.
Por Exemplo: André é bissexual, sentindo atração por homens e mulheres.
Por Exemplo: Bianca é pansexual, conectando-se com pessoas independentemente de gênero.
Entenda! Esses três elementos são independentes entre si e, ainda, independem da percepção do outro
Um homem pode gostar de: outro homem, de uma mulher, dos dois ou ainda de alguém de não se identifica como homem nem mulher. Isso é o que chamamos de Orientação Sexual.
Esse mesmo homem pode se reconhecer como: homem ou se perceber mulher ou ainda não se identificar como homem nem mulher. O assunto aqui é a Identidade de Gênero dessa pessoa.
Logo, esse ser humano irá usar: as roupas, os cortes de cabelo, os acessórios, o comportamento que forem mais coerentes com quem ele é. Por fim, essa é a Expressão de Gênero desse indivíduo.
Por isso, dizemos que são independes. Contudo, juntos formam a complexidade da Identidade de cada Humano.
Termos Inclusivos e Seus Significados do Guia de Linguagem e Termos de Inclusão LGBTQIA+
O alfabeto LGBTQIA+ representa diversas identidades e orientações. Cada letra tem seu significado, por isso que entender esses termos é o primeiro passo para promover inclusão.
L (Lésbica):
Mulheres que sentem atração romântica e/ou sexual por outras mulheres.
Por Exemplo: Em conversas, evite usar expressões como “mas você não parece lésbica.” Respeite a identidade sem julgamentos.
G (Gay):
Homens que sentem atração romântica e/ou sexual por outros homens.
Por Exemplo: Não pergunte “quem é o homem e quem é a mulher” em um relacionamento gay. Essa pergunta reforça estereótipos desnecessários.
B (Bissexual):
Pessoas que sentem atração por mais de um gênero.
Por Exemplo: Nunca diga “você só está confuso” ou “é uma fase.” Bissexualidade é uma orientação legítima.
T (Transgênero):
Pessoas cuja identidade de gênero é diferente do sexo atribuído no nascimento.
Por Exemplo: Pergunte e use o nome e os pronomes que a pessoa indicar. Nunca pergunte “qual era seu nome antes.”
Q (Queer):
Termo guarda-chuva para identidades que não se encaixam nas normas tradicionais de gênero e sexualidade.
Por Exemplo: Pergunte se a pessoa prefere ser chamada de queer antes de usar o termo.
I (Intersexo):
Pessoas nascidas com características biológicas que não se enquadram nas definições típicas de masculino ou feminino.
Por Exemplo: Evite usar expressões como “hermafrodita.” O termo correto é intersexo.
A (Assexual):
Pessoas que sentem pouca ou nenhuma atração sexual.
Por Exemplo: Nunca diga “você só não encontrou a pessoa certa.” Isso invalida a experiência da pessoa.
(Outras Identidades):
Representa outras identidades de gênero e orientações sexuais que não estão explicitamente mencionadas na sigla.
Dúvidas? Fale Conosco. Teremos um enorme prazer de esclarecê-las e assim estreitarmos os laços de amizade e parceria.
Termos a Evitar e Alternativas
Não Use: “Escolheu ser homem/mulher.” Prefira: “Afirmação de gênero.”
Não Use:“Homossexualismo.” Prefira: “Homossexualidade.”
Não Use: “É uma opção dele(a) eu aceito”. Prefira: Ele(a) nasceu homem trans ou mulher trans. Dessa forma, não há o que aceitar ou não. Posso, apenas e, devido a minhas convicções, não querer conviver.
Não Use: “Mudança de sexo”. Prefira: “Transição de gênero.”
Não Use: “Você é mesmo homem/mulher?”. Prefira: “Como você se identifica?”
Não Use: “Hermafrodita” Prefira:“Intersexo.”
Não Use: “Ele/ela, não sei” Prefira: “Qual é o seu pronome?”
Ao encontrar alguém novo, pergunte: “Como você prefere que eu me refira a você?” Isso demonstra respeito e empatia pelo outro.
Comunicação Inclusiva no Dia a Dia
A comunicação inclusiva exige prática, todavia pode ser incorporada no cotidiano com pequenas mudanças.
Use pronomes neutros como “elu” ou “a pessoa” até que você saiba os pronomes corretos. Prefira cumprimentos neutros: “Bom dia a todos” em vez de “bom dia, senhoras e senhores.”
Práticas
Pergunte o pronome da pessoa: “Qual pronome você prefere usar?”
Use o nome social, mesmo que ainda não esteja retificado nos documentos.
Corrija erros com leveza: “Desculpe, eu quis dizer [pronome correto].”
Por Exemplo:
Carlos prefere ser chamado de “ele” e usa o nome social, porém ele ainda tem características femininas muito visíveis. Então, ao conhecê-lo no trabalho, pergunte com respeito: “Como você prefere que eu me refira a você?”
Exemplos Cotidianos de Inclusão do Guia de Linguagem e Termos de Inclusão LGBTQIA+
Um Novo Colega no Trabalho
Saiba que a pessoa transgênero usará o banheiro que for coerente com a Identidade de Gênero dela. Por isso, respeite o espaço pessoal e a privacidade dela. Adicione pronomes no e-mail ou crachá para normalizar essa prática. Por fim, respeite o nome social em listas, e-mails e reuniões.
Por Exemplo: Carlos, homem trans, começa a trabalhar com você. Ele prefere ser chamado de “ele” e usa um nome social. Respeitar isso ajuda a criar um ambiente acolhedor. Passe a chamá-lo por Carlos, mesmo que ainda tenha características femininas. Ele usará o banheiro masculino, mesmo tendo mamas ainda.
Um Encontro Familiar
Evite supor a orientação ou identidade de alguém. Deixe que a pessoa compartilhe por vontade própria. Apoie verbalmente: “Estou aqui para respeitar como você se sente e se identifica.”
Por Exemplo: Camila traz sua namorada, Miriam, para o almoço de família. Usar o termo “namorada” em vez de “amiga” valida o relacionamento delas.
Uma Conversa Online ou entre amigos
Trate pessoas LGBTQIAPN+ com naturalidade, sem fazer piadinhas ou perguntas invasivas.
Por Exemplo: Em um fórum, Alex usa o pronome “elu.” Ao responder, você pode começar dizendo: “Oi, Silvia! Que bom te ver por aqui. Elu (o Alex) comentou algo muito interessante.”
Espaço para retirar dúvidas, dar sugestões ou denunciar
Reserve suas dúvidas, das mais picantes às mais pessoais ou, até aparentemente, descabidas para o Fale Conosco.
Entendemos, não apenas o tamanho da curiosidade que as diferenças humanas despertam, como também o conhecimento, como sendo a única arma contra o pré-conceito, a ignorância e a violências desferidas sobre nossa comunidade. Dessa forma, estamos abertos para ouvir suas dúvidas, incluir suas sugestões e apurar com rigos e rapidez suas denúncias. Por essa razão, perguntem, que encontraremos uma forma didática para sanar sua dúvida e, assim, trazer clareza ao mundo sobre quem somos: Humanos, como todos somos!
Afinal, só conseguiremos agir de forma respeitosa, quando retirarmos de diante dos nossos olhos os padrões que impomos a nós mesmos. E permitirmos-nos olhar o outro pela perspectiva do outro, entendendo o que é importante para ele, ela ou elu. Porque, a vida é dele, dela ou delu. Podemos combinar assim: minha vida, minhas regras. A vida do outro, paro para saber e passar a respeitar as regras do outro. Fechado?
Seja pelas raízes de quem somos, pelo tronco de como nos expressamos ou pelos galhos das nossas conexões, a coerência entre nossa essência e nossas ações transforma o mundo ao nosso redor. A partir de agora, nosso Guia de Linguagem e Termos de Inclusão LGBTQIA+ seja inspiração para você fazer parte dessa transformação e, ainda mais, para trocar suas lentes pelas do outro quando o foco for a vida do outro.
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