A Humilhação Pública

Capítulo 5 de 26 | Espaço de Partida


Voltar ao jogo

Paulo estava em seu melhor traje, que já mostrava sinais de desgaste. Ele caminhava apressado pela rua, com um plano em mente: encontrar-se com um ex-colega de negócios que poderia ajudá-lo a “voltar ao jogo”. Gal observou pela janela enquanto ele saía, mantendo sua postura altiva, como se a fachada fosse suficiente para mascarar sua queda.

Ela suspirou e voltou para dentro, onde uma jarra de flores improvisada ocupava o centro da mesa. Gal estava tentando fazer do quarto um lar, mas sabia que o verdadeiro problema não era o ambiente – era Paulo.


Paulo Entra em Cena

Ao chegar ao restaurante onde o encontro estava marcado, Paulo se viu cercado por antigos colegas. Eles conversavam animadamente, rindo alto. Por um momento, ele hesitou. Respirou fundo, ajustou o paletó e entrou com um sorriso que tentava disfarçar sua insegurança.

— Paulo! — um dos homens disse, levantando-se. — Quanto tempo, hein?

O cumprimento inicial parecia promissor, mas logo a conversa tomou um rumo que Paulo não esperava.


A Humilhação

— E então, o que te traz aqui? — Perguntou o homem, com um tom casual, mas cheio de curiosidade maliciosa.

— Preciso de uma oportunidade para voltar ao mercado. Tenho algumas ideias que podem interessar. — Paulo começou, tentando soar confiante.

Mas, ao apresentar suas propostas, risos abafados começaram a surgir na mesa.

— Paulo… — disse um deles, interrompendo. — Você está tentando vender uma ideia que ninguém mais usa desde… sei lá, há uns dez anos?

Os outros riram. Paulo sentiu o rosto queimar.

— Eu sei que as coisas mudaram, mas…

— Mudaram muito, meu amigo. — Outro interrompeu, com um tom quase piedoso. — Você está fora do jogo, Paulo. Talvez seja hora de aceitar isso.


Volta ao Cortiço

Horas depois, Paulo voltou ao cortiço, cabisbaixo e exausto. Ele passou direto pelo pátio, ignorando os olhares dos moradores. Ao entrar no quarto, encontrou Gal organizando roupas.

— Como foi? — Ela perguntou, sem levantar os olhos.

— Foi… nada. — Ele respondeu, jogando-se na cama.

Gal percebeu que algo estava errado, mas optou por não insistir. Ela sabia que, por enquanto, Paulo ainda não estava pronto para enfrentar a realidade – muito menos para compartilhá-la. E isso a fez se lembrar da conversa de Valéria e Cida. Ela não podia salvar ninguém, a não ser ela mesma.


Reflexão Final

Naquela noite, enquanto Gal dormia, Paulo ficou acordado, encarando o teto. Pela primeira vez, sentiu uma rachadura em sua armadura. Talvez ele não fosse tão indispensável quanto sempre acreditou.

Mas aceitar isso ainda parecia impossível.


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