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Um Convite à Escuta Genuína
“Escuta genuína”, disse alguém na cafeteria enquanto pagavas teu café e sais de encontro à chuva.
Caminhando por uma rua qualquer passas por uma casinha improvisada e notas um menino dentro dela.
Ele observa a chuva, fascinado, enquanto o mundo ao redor parece apressado, indiferente. No primeiro instante, talvez tua mente se apresse em rotulá-lo: “um menino de rua, morando em condições precárias, pobre coitado”.
Mas será que tu sabes quem ele realmente é? Será que, em algum momento, permitiste que a tua visão fosse além das aparências?”Serias capaz de dirigir uma escuta genuinamente humana a esse menino?
A chance está ai, bem a tua frente. Ele está prestes a te contar o que tanto observa, por que observa. Quem ele é.
Então, enfentas a chuva de peito aberto e ofereceres tua escuta genuína.
Ou és daqueles que partem rapidamente em busca de um abrigo?
Um dia de chuva bem colorido – um convite à escuta genuína
por F | R
Moro em uma rua qualquer, numa casinha diferente das outras. Enquanto as outras são feitas com formas quadradas, retangulares e triangulares, a minha é toda circular. Mas tanto as outras quanto a minha são feitas de concreto.
Em dias de chuva, enquanto ela cai “ali” fora, fico observando os passantes. Uns vem depressa com medo de desmanchar o penteado, ficam de cara feia e amaldiçoam a chuva.
Outros, preocupados com a saúde, se escondem debaixo de qualquer teto, como uma pastinha de plástico, que se torna teto rapidinho.
Porém existem outros, mais interessantes e raros, que caminham tranquilamente pela calçada desfrutando do banho proporcionado pelas gotículas.
Essas pessoas que não fogem da chuva, que aceitam seu afago molhado e nem sempre gentil me mostraram um detalhe que achei interessante e por isso, acredito que deva dividi-lo. É algo simples e por isso fantástico.
Em dias com chuva as cores ficam mais vivas, mais novas. Por exemplo, a calça preta esbranquiçada pelo tempo, ao passar pelo banho natural ninguém dirá que tem mais de um dia de uso. A blusa vermelha já gasta pelo tempo de lavagem parecerá sangue novo desfilando pela rua.
Mas isso é só nos dias que a água cai do céu, transparente, refrescante e viva! Nas outras ocasiões em que se toma banho normal, além de se estar despido, não se tem a sensação dela batendo no rosto e dando aquele arrepio de frio. Sem contar que, quando ela encharca os pés nem o ser humano mais calorento fica sem bater o queixo.
Quando me canso dos transeuntes, olho para a chuva caindo em diagonal, acertando em cheio minha casinha redonda e, em um som surdo ela se divide em mil gotículas e voa para outros destinos.
Forma um pequeno lago em frente à minha casinha, nele observo o espelho de imagens distorcidas pelos pingos e ao cessar a chuva esse espelho me permite ver o céu ainda acinzentado pelas nuvens. Os pássaros passeando no céu mais limpo, as pessoas voltando para suas rotinas e a cidade reiniciando seu ritmo normal.
E vocês se me vissem, talvez nem me dessem crédito. Sou menino de rua. Moro em um tubo de concreto. Mas nos dias de chuva sou como vocês, às vezes corro para casa e me abrigo, ou então quando estou longe encaro o chuveirão natural de frente, e visto-me com cores vivas. E quando estou triste apenas a observo e suspiro.
Como Navegar por Esta Categoria
Um Convite à Escuta Genuína
Esta é a essência da categoria Humanos: um convite para que tu abandones as conclusões apressadas e mergulhes na história que realmente está diante de ti. Assim como o menino, cada pessoa carrega uma história, um universo de experiências, luzes e sombras. Para entendê-las, é preciso mais do que olhar. É necessário escutar – escutar com o coração aberto e a mente desarmada.
Reconhece o peso dos teus rótulos
Quando te deparas com histórias de vidas que não são como a tua, tua mente pode se apressar em interpretar e julgar. Aqui, o convite é diferente: reconhece esses rótulos, mas deixa-os de lado. Observa sem pressa e abre espaço para que a verdade do outro se revele sem filtros.
Abandona as certezas
O menino do tubo de concreto poderia ser descrito de muitas formas: vulnerável, invisível, desamparado. Mas também é um observador da beleza da chuva, um filósofo das cores que ela renova, um sonhador que encontra poesia no ordinário. As histórias que encontrarás aqui são complexas, cheias de nuances. Não busques encaixá-las no que já conheces; permite-te aprender algo novo.
Desarma-te das tuas crenças fixas
Assim como ao passares pelo menino poderias pensar “ele precisa de ajuda”, “ele é inferior” ou “que vida triste”, lembra-te de que essas são projeções tuas. A ideia aqui é entrar nas histórias sem carregá-las com as tuas opiniões ou convicções. Não é sobre o que tu pensas delas; é sobre o que elas têm para te ensinar.
Escuta genuína, como quem descobre um mundo novo
Cada texto desta categoria é um portal para um universo humano. Aqui, aprenderás sobre vidas trans, neurodivergentes, pessoas com corpos que fogem do padrão ou com identidades diferentes das tuas. Cada história é uma oportunidade de ver o mundo pelos olhos de outra pessoa e descobrir a beleza que há nisso.
Abraça a complexidade e a beleza da diversidade
Assim como o menino da chuva vê cores renovadas onde outros enxergam apenas o cinza, permite que estas histórias renovem tua percepção. A diversidade humana não é um problema a ser resolvido; é um presente a ser celebrado.
O Compromisso com a Verdade
Sabemos que não é fácil abordar tantas histórias com a profundidade e a verdade que cada uma merece.
Nosso compromisso aqui é sermos o mais genuínos e respeitosos possíveis com cada diversidade que representamos. Reconhecemos que, por vezes, poderemos errar, mas nossos erros vêm de um lugar de genuíno desejo de acertar.
Por isso, pedimos: se sentires que algo poderia ser mais fiel ou verdadeiro, conecta-te conosco.
Queremos aprender contigo. Queremos que esta roda de conversa seja construída não apenas com palavras, mas com vozes que vivem essas realidades.
O Verdadeiro Propósito
Esta categoria não é sobre convencer ou mudar mentes; é sobre conexão. Conexão entre seres humanos que, à primeira vista, poderiam parecer completamente diferentes, mas que, ao partilharem suas histórias, encontram a humanidade que os une.
Aqui, quem lê não é um juiz, mas um ouvinte – alguém que se aproxima com respeito, compaixão e curiosidade.
Então, prepara-te. Deixa teus preconceitos do lado de fora e entra nesta roda de conversa como quem descobre o mundo pela primeira vez.
Porque, no fim, é isso que somos: universos que se encontram e se transformam quando se conectam.
Bem-vindo à categoria Humanos. Aqui, cada história é um convite à escuta genuína, à empatia e à transformação.
Deixe teus preconceitos do lado de fora e mergulha neste convite à escuta genuína. Escolhe uma história, uma narrativa, um universo que te desafie a ver o mundo por outro ângulo. Afinal, cada texto aqui é mais do que palavras: é uma oportunidade de conexão e transformação.
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