(Som de folhas secas no chão. A pracinha já foi ocupada por silêncios e bilhetes. Agora é noite. Luz amarelada. Alguém sobe os dois degraus de madeira do coreto. Tosse. Segura o papel. Lê:)
“Não vou mais fingir que não dói.
Dói.
Me esforço pra parecer leve, forte, resolvidx.
Mas a verdade?
Eu só tô tentando não sumir.”
(Alguém lá embaixo murmura “fala, fala mesmo”. A pessoa respira fundo, continua:)
“Fiquei com vergonha por muito tempo de estar cansadx.
Como se cansar fosse fraqueza.
Mas hoje eu percebi:
Quem sente, também cansa.
E tudo bem.”
(Uma salva de palmas tímida. Outra mais firme. A voz começa a ganhar corpo. Agora o coreto é dela.)
“Não é sobre ser exemplo. É sobre ser de verdade.
E a verdade é que eu quase desisti.
Mas tô aqui.
Com medo, mas tô.
E se tiver mais alguém sentindo parecido…
então a gente não tá tão sozinhx assim, né?”
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